Mesmo com avanços na economia, continente ainda tem 239 milhões de pessoas desnutridas, cerca de um quarto de toda sua população. Ex-presidente brasileiro Lula participou de encontro.

Lula discursa na abertura oficial de encontro de alto nível sobre segurança alimentar na África. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Em três reuniões realizadas pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), pela União Africana (UA) e pelo Instituto Lula, líderes internacionais se reuniram em Adis Abeba, Etiópia, pelo fim da desnutrição e da fome na África.
No sábado (29), houve reunião com mais de cem representantes da sociedade civil, setor privado, cooperativas e outros atores não governamentais. No domingo (30), o encontro foi de ministros, enquanto na segunda-feira (1) aconteceu a reunião de chefe de Estados sob o tema “Novos enfoques unificados para acabar com a fome na África”.
Segundo a FAO, a fome no continente motivou os três organizadores do evento a se aliar por um enfoque unificado para acabar com a desnutrição na região até 2025 como parte do Programa de Desenvolvimento Agrícola Detalhado da África (CAADP, em inglês).
Cerca de 15 chefes de Estado e de Governo responderam positivamente ao convite para participar da reunião e agregar valor ao CAADP, ao compartilhar conhecimentos no investimento para pessoas vulneráveis.
O CAADP busca dentre outros objetivos eliminar a fome e a pobreza até 2025, reduzir a fome em 40% até 2017 em alguns países, priorizar a eliminação da inanição, especialmente entre crianças abaixo de 2 anos, e oferecer nutrição a mulheres grávidas e pequenas crianças.
Segundo a agência da ONU, apesar da maioria dos países da África estarem vivenciando um crescimento econômico de proporções sem precedentes, assim como indicadores de melhoria na governança e no desenvolvimento humano na última década, o continente tem 239 milhões de pessoas desnutridas, cerca de um quarto de toda sua população.
A reunião está coletando experiências de diferentes países, tais como Malauí, Angola, Etiópia, Níger, China, Vietnã e Brasil. Segundo a FAO, ao combinar investimentos na agricultura com políticas de proteção social e de crescimento do desenvolvimento inclusivo, muitos países conseguiram reduzir a fome e a pobreza. O Brasil retirou 36 milhões de pessoas da pobreza extrema nos últimos dez anos.
“A fome não será erradicada a menos que nós incluamos os pobres no orçamento do governo. Eu estou convencido de que acabar com a fome só será possível se isso se transformar em uma política de Estado. O compromisso da sociedade civil é também importante para o sucesso desse processo”, disse o fundador e presidente honorário do Instituto Lula, o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva.